Menina e Moça

I
Quando eu era pequenina
A tudo achava graça
À borboleta voando
Ao cãozinho que passava

II
Minhas mãozinhas pequenas
Lindas coisas já moldavam
Com o barro que provinha
Da chuvinha que Deus dava

III
As histórias e contos
Eram a minha atracção
Ouvia silenciosa
E cheia de comoção

IV
Fui crescendo ja menina
Feliz eu continuava
Junto a meus pais e família
A quem eu tanto adorava

V
O tempo assim foi correndo
E em moça me tornei
As belas tranças que tinha
Um certo dias as cortei

VI
Já com as roupas da moda
E sapato com tacão
Passava toda emproada
E um bater no coração

VII
Hoje recordo com saudade
Toda minha meninice
Onde se faz com amor
Tanta asneira e tolice.

Maria do Céu

Eu Sou Assim

Quando escrevo poesia
Sinto imensa alegria e boa disposição
Escrevo aquilo que vejo
Escrevo palavras lindas
Que me estão no pensamento
São palavras que me saem
Lá do fundo do meu peito
E também do coração
Gosto de ser sonhadora
Ter alma para poeta
Ter minha janela aberta
E poder apreciar pra depois avaliar
A beleza, a grandeza
Da tão bela natureza
E de todo o universo.

Maria do Céu

Natureza

O tempo já melhorou
Há cheirinho a primavera
Brilha o sol pela manhã
Aquecendo a nossa terra

Abro a porta da cozinha
E os pardalitos cantando
Lá se vão aproximando
E esperando ansiosos
Pelo arroz que vou dando

Já com o papinho cheio
Vão-se embora esvoaçando
Parecendo agradecer-me
Com a música do seu canto

Eu contínuo dizendo
Que admiro e amo a natureza
Ela tem coisas tão simples
Que nos fazem tão felizes
Dando lugar à alegria, levando nossa tristeza

Maria do Céu

Amor

O amor é um sentimento
Maravilhoso e profundo
Ajuda-nos a viver, até mesmo perdoar
As injustiças do mundo

O amor é muito doce
Saber amar só doçura
Mas por vezes também traz
Desgostos e amargura

O amor ninguém sabe de onde vem
Ele nasce, ele cresce sem dizer nada a ninguém
Gosto de falar de amor
Sinto-o em meu coração
São saudades e são lágrimas
De tanta recordação

O amor é muito belo
Mas tem que ser bem cuidado
Para ir sempre crescendo
Para que nunca se acabe

Maria do Céu

Noite de Natal

Era noite de Natal
E a alegria reinava naquela casa distante
As famílias se juntaram e alegres se abraçaram
Com amor e comoção

A ceia estava servida
Muito simples, bem cheirosa
No meio da mesa havia
Um lindo ramo de rosas

De repente alguém bateu
Joãozinho foi abrir
E uma simples velhinha
Estava quase a cair

Joãozinho a ajudou
E com seus braços abraçou
Aquela santa velhinha

Entre lágrimas ela disse:
Sou uma pobre mulher
Sou uma velha que ninguém quer

Com custo lá vou andando
Com tristeza vou pedindo
Esmolas a toda a gente
Os bondosos lá me dão
Os maus, correm comigo

Com amor João sorriu
E um beijo lhe pediu
Seus olhares se encontraram
E nos de João se via, fortaleza e decisão
E nos da pobre velhinha, ansiedade, comoção

Anda comigo avózinha
Assim te irei chamar
Vamos cear todos juntos
É teu o melhor lugar

Seus familiares estavam
Comovidos e contentes
Agradeciam a Deus
Aquele belo presente

E dentro daquela casa
Não paravam de falar
Tinha ganho uma velhinha
E esta o seu novo lar

Maria do Céu

Mãe

I
Mãe,
É ser uma super mãe
É essa que guarda e tem
Os mais belos predicados
Se desfaz em mil cuidados

II
Atenta com os seus filhos
Dá-lhes amor e proteção
Dá-lhes beijos e carinhos
E também educação

III
Seja mãe ou super mãe
É coisa maravilhosa
Porque mãe é sempre mãe
E todas elas merecem
Um lindo ramo de rosas

Maria do Céu

O Meu Livro

I
Gosto tanto de escrever
Quadros, versos, poesia
Dizer tudo aquilo que sinto
Com amor e alegria

II
Com a caneta entre os dedos
No papel ela desliza
Por vezes com rapidez
Outras vezes paralisa

III
E aí eu vou sonhando
E vou pensando também
Minha alma vagueando
Pensando encontrar alguém

IV
Alguém que me compreenda
O que faço e o que digo
Por isso pensei levar
À edição este livro

V
Para todos os leitores
Comprem, leiam, vão gostar
E podem ter a certeza
Todos vós vão adorar

Maria do Céu

O Nosso Mundo

I
Neste tempo em que vivemos
Entre guerras e tormentos
Homens, mulheres e crianças
Gritam alto aos sete ventos

II
Pedi ajudar não tive
Pedi amor não me deram
Pedi um pouco de pão
E nem isso me trouxeram

III
Assim vai rodando o mundo
Parecendo uma cratera
Dum lado é só fartura
Do outro é só miséria

IV
Ó povos de todo o mundo
Ó nações em toda a terra
Abraçai-vos em união
Acabando com a guerra
Dêem amor uns aos outros
E ponham fim à miséria

Maria do Céu

Sejam bem vindos à poesia

Maria do Céu da Costa Santos Simão, este é o meu nome. Nasci em Angola, numa terrinha pequena e acolhedora. A data do meu nascimento foi em 23 de Outubro de 1935. O nome da minha terra é Moçamedes, onde vivi minha infância com meus pais, dois irmãos e uma irmã. Cresci, me fiz mulher e casei com um rapaz maravilhoso. Desse casamento nasceram duas meninas lindas. Quando se deu a descolonização em Angola, tivemos de vir para Portugal, terra dos meus pais. Foi difícil a adaptação devido a várias situações, uma delas falta de dinheiro para nos sustentarmos, pois tudo quanto tínhamos lá ficou. Hoje amo a terra de meus pais, de que eles tinham tantas saudades. Tenho quatro netos muito queridos e sou feliz porque tenho uma família de ouro e os meus poemas que me ajudam a viver.

Gosto de ler, ouvir e fazer poesia.

Maria do Céu